segunda-feira, 14 de outubro de 2013

(carta)


A parte dela comigo.


Eu a conheci sem maquiagem. Sem os odores dos perfumes da vivência.
A noite ainda me era rara. Lembro-me dela sempre sob os raios do dia.
Sem cigarros ou garrafas, sem purpurinas ou baladas.
Era só o cheiro da grama, os nossos passos lentos, e a claridade do dia.
E debaixo daquela árvore, os seus olhos azuis.

Ela sabia tanta coisa, me ensinou música... MPB
Tinha uma melodia forte, quando cantava pra mim.
Sabia um pouco de arte, choro e poesia.
Formava-se ali uma linda garota, que não tive o prazer de vê-la "em primavera".
Entretanto imagino a bela mulher que se compôs, depois de mim.

Sua beleza era (é) rara. Indescritíveis aos sentidos humanos
Combinações extraordinárias de cores, formas e tons.
Tão inexplicáveis sensações corporais que a fisiologia do meu corpo
Não entendia o que acontecia quando me tocava ou
Passava de mim.

Atenta aos detalhes imperceptíveis da vida.
Trazia consigo sempre uma crença ecumênica
Consolando-me, nos tempos difíceis, com o carinho e com o amor.
"E como o fogo" não haveria de ser eterno...
E quando ela se foi, levou muito de mim, porém,
Entre as dores da partida, deixou parte dela comigo.
     
              Que guardo.


"   "


e a parte que levei guardo. pra sempre.