segunda-feira, 14 de outubro de 2013

(carta)


A parte dela comigo.


Eu a conheci sem maquiagem. Sem os odores dos perfumes da vivência.
A noite ainda me era rara. Lembro-me dela sempre sob os raios do dia.
Sem cigarros ou garrafas, sem purpurinas ou baladas.
Era só o cheiro da grama, os nossos passos lentos, e a claridade do dia.
E debaixo daquela árvore, os seus olhos azuis.

Ela sabia tanta coisa, me ensinou música... MPB
Tinha uma melodia forte, quando cantava pra mim.
Sabia um pouco de arte, choro e poesia.
Formava-se ali uma linda garota, que não tive o prazer de vê-la "em primavera".
Entretanto imagino a bela mulher que se compôs, depois de mim.

Sua beleza era (é) rara. Indescritíveis aos sentidos humanos
Combinações extraordinárias de cores, formas e tons.
Tão inexplicáveis sensações corporais que a fisiologia do meu corpo
Não entendia o que acontecia quando me tocava ou
Passava de mim.

Atenta aos detalhes imperceptíveis da vida.
Trazia consigo sempre uma crença ecumênica
Consolando-me, nos tempos difíceis, com o carinho e com o amor.
"E como o fogo" não haveria de ser eterno...
E quando ela se foi, levou muito de mim, porém,
Entre as dores da partida, deixou parte dela comigo.
     
              Que guardo.


"   "


e a parte que levei guardo. pra sempre.

sábado, 20 de julho de 2013

Sentada ali


Sentada ali, na esquina da Miguel Lemos, nesse lugar maravilhoso, vejo que conheci lugares novos, retornei a lugares antigos, gostei das pessoas novas, reencontrei as antigas, mas uma coisa não me sai da cabeça:
como seria tudo isso com meus amigos mais amigos e minhas amigas mais amigas?
O jeito de ser da gente junto, as risadas..
Iríamos voar pelas ruas
Causar furacões nas areias
Teríamos o mar na palma da mão
Nossa respiração seria a boemia
E nosso destino, apenas desvendar novos lugares
Ahhh se meus amigos coubessem na minha mala
Penso que eu não caberia mais em mim mesma.



26/07/2006

sábado, 1 de junho de 2013


o mundo me empurra pra dentro
luto, esperneio
quero sair
mas quando saio, olho em volta
sinto tudo
ou não sinto nada
volto correndo
cedo mais um pouco ao mundo.


quarta-feira, 15 de maio de 2013


Quando a essência de uma pessoa reconhece a afinidade (ou desafinidade) na essência de outra.
O reconhecimento da essência começa com uma paixão, um amor, uma amizade, uma atração, e até com sentimentos ruins.
Esses sentimentos vão se transformando, já que são inerentes à matéria, ao corpo e estão submetidos a esse tempo e a esse espaço.
E as essências vão caminhando, se encontram em qualquer lugar, entre uma vida e outra, e têm como estopim para se reconhecerem esse eterno começo, fim, recomeço e fim de sentimentos.
O dia e a noite, as fases da lua, a vida e a morte..
E cada uma terá seu próprio caminho de evolução.
O divino talvez seja caminhar com o outro, diante de todas essas transformações de sentimentos, desse começo e fim e de todas as formas que a matéria pode ser.


reconheço os que caminham comigo. alguns só consegui caminhar junto agora. outros já vêm de antes. tem os que encontrei pra reforçar o laço com o desapego. tem aqueles que ainda tenho dificuldade. e os que ainda irão aparecer...

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Num átimo


Depois de um dia comum e sob efeito de nada, de repente chega uma resposta a uma questão interna muito antiga..
A resposta vem no meio das luzes da cidade, no meio do asfalto, no meio de todas as pessoas ocupadas, na correria de um caminho, no meio do caos.
Um sussurro no ouvido, como alguém que conta um segredo.
Uma luz, uma epifania, é como se a consciência se encontrasse com a alma, num átimo, depois de milhares de anos-luz viajando, procurando.
O conforto perturbador.
Uma estrela explode
Um big bang acontece
A partir disso tudo se recria, se transforma, se movimenta
O despertar de uma manhã linda.

Algumas pessoas nascem se conhecendo mais do que as outras. Sorte delas.
Eu continuo viajando, admirando a paisagem.